sábado, 20 de novembro de 2010

Eulalio Augusto Alves de Camargo

Eulálio Augusto Alves de Camargo nasceu na cidade de Tietê localizada no interior de São Paulo no ano de 1863. Era o filho mais velho de seus pais, Joaquim de Sousa Camargo Penteado e Augusta Umbelina Alves de Lima. Seus pais tiveram 8 filhos; João Lourenço Alves de Camargo, Sybilla Alves de Camargo, Manoela Angélica Alves de Camargo, José Custódio Alves de Camargo, Rosalina Alves de Camargo, Manoel Custódio Alves de Camargo (Dico), Flora Alves de Camargo e Eulalio Augusto Alves de Camargo. Os 8 irmãos tiveram todos de uma vez só sarampo no século XIX, e ficaram de cama. Dentre eles Flora ainda uma criança que não resistiu ao sarampo e faleceu precocemente.

Joaquim, pai de Eulálio possuiu uma fazenda de café na cidade de Tietê. O filho seguiu a profissão de administrador de fazenda, trabalhando na fazenda do pai entre outras.

Carolina Sousa 1885
Em uma foto dedicada a ele, lê-se que substituiria o homem da fotografia na fazenda Sant' Anna. Na foto ao lado o vemos sentado em uma cadeira acompanhado do seu cunhado João Franco Bueno, casado com sua irmã Rosalina. Eulálio tinha aproximadamente vinte e poucos anos nesta fotografia.

No final da década de 1880 ou início de 1890 casou-se com Maria Carolina de Sousa. Abaixo vemos a foto que ela enviou como apresentação e uma dedicatória ao futuro marido Eulálio Augusto Alves de Camargo. No verso lemos que o texto refere-se “Ao Sr. Eulálio”. Maria Carolina de Sousa era prima de Eulálio. Como era costume nas famílias do século XIX os casamentos entre primos não apenas eram comuns como eram de praxe da época em famílias com bens e alguma influência.

Não temos a informação de que ano Carolina e Eulálio se casaram. Mas ao que parece o casamento durou pouco tempo, já que o casal não teve filhos. O casamento acabou de forma trágica, com o falecimento prematuro de Carolina ainda muito jovem vítima de tuberculose. Carolina faleceu deixando Eulálio Augusto viúvo muito cedo.

Eulalio e a primeira esposa Carolina Sousa 1890
No meio da década de 1890 Eulálio foi apresentado a uma outra provável prima um pouco mais distante. Victalina Dias de Aguiar Arruda que era 3 anos mais velha que ele e era solteira. Mais uma vez conforme os costumes da época a família recebeu uma fotografia de apresentação de Victalina, desta vez a foto era dedicada "a futura sogra" (Augusta Umbelina Alves de Lima).
Acreditamos que a cerimônia foi realizada já na cidade de São Paulo. No ano de 1900 nasceu Luiz Gonzaga de Arruda Camargo primeiro filho do casal. Sabemos que Victalina ainda deu a Luz a uma menina que morreu poucos meses após o nascimento. Esta menina era chamada de ‘Mani’ (mana, irmã) pelo irmão Luiz.

Eulálio e Victalina moraram com seu filho Luiz no centro de São Paulo. Mais precisamente na Praça Princesa Isabel.

Vivendo com Victalina e o filho na cidade de São Paulo, Eulálio Augusto foi vítima de uma tentativa de envenamento ainda no início do século XX. Já a algum tempo Eulálio vinha queixando-se de náuseas e mal estar, sem desconfiar de razão de sua indisposição. O fato descoberto posteriormente chocou a família e revelou o real motivo do mal estar sentido por Eulálio. A criada da casa, que cuidava das refeições da família, flagrou Victalina servindo-se de uma sopa previamente preparada pela própria criada. Assustada, chamou a atenção de sua patroa, ao dizer inesperadamente; “Está sopa não é para a senhora!”.
Victalina Dias de Arruda noiva de Eulalio (1897)

Ao que pode-se constatar que a sopa tinha algo de anormal. Diante desse fato, a família desconfiou que havia alguma substância naquela sopa servida pela criada. Aquela sopa não havia sido preparada para Victalina, e sim para Eulálio. Logo após o acontecido a família vasculhou a dispensa a procura de algum tipo de veneno ou prova que pudesse confirmar as suas suspeitas. O que não esperavam, era encontrar um vidro contendo uma cobra morta dentro mergulhada num líquido.

Este líquido que preenchia a garrafa contendo a cobra morta era adicionado a sopa que era servida a Eulálio fazia meses.

Luiz Gonzada de Arruda Camargo.
Único filho do casal. (1901)
Seus exames eram enviados aos Estados Unidos e nada era descoberto em relação a causa do mal estar.

Outro fato que incriminava a criada foi o de que está criada trancava Luiz (filho do casal) no quartinho como castigo. E certa vez o encontraram atordoado dentro do quartinho. Aparentando ter ficado lá por horas e horas.

 Após a descoberta do vidro e a cobra morta contida no frasco, a criada fugiu e nunca mais voltou a aparecer.

Eulálio ficou viúvo pela segunda vez no ano de 1928. Victalina morreu aos 66 anos vítima de cirrose. Deixando o marido Eulálio viúvo aos 63 anos com o filho Luiz aos 27 anos.

Eulálio era um homem religioso e costumava rezar em um oratório durante a sua velhice. Ainda temos guardado o seu missal utilizado para acompanhar as missas da igreja Católica no seu tempo.

Eulalio já viúvo em foto 3x4
Na velhice Eulálio foi morar na casa de suas irmãs Manoela Angélica (solteira) e Rosalina e suas 3 filhas solteiras (sobrinhas de Eulálio); Isabel, Marinete e Helena, junto do seu filho Luiz.

Adoecido ele sofreu uma operação para tratar da próstata. E provavelmente faleceu vítima de complicações posteriores a esse tratamento. Numa época em que a medicina ainda não encontrava-se no nível que hoje conhecemos, é provável que a morte de Eulálio não pode ser evitada por conta do tratamento precário para o tipo de doença que o acometeu.

 Eulálio faleceu aos 75 anos de idade no dia 20 de janeiro de 1940 em São Paulo. E enterrado no cemitério São Paulo no Jazigo da família no cemitério São Paulo.

Eulalio já idoso com seu filho Luiz Gonzaga
Foto de 1937
Dentre as lembranças materiais que restaram, guardamos seu óculos de leitura e o missal com o qual acompanhava as missas da igreja Católica, além de cinco fotografias. A primeira delas é minha fotografia favorita entre todas as outras fotos de família. Foi a fotografia que conquistou a muitos anos o meu interesse por essas memórias da família e a qual dediquei mais tempo e esforço para restaurar e devolver a ela a arte e aparência da época em que foi tirada. Nela Eulálio Augusto aparece sentado em uma linda cadeira estilo rococó, e ao seu lado de pé, seu cunhado João Franco Bueno faz pose com o punho serrado na cintura. Está fotografia foi tirada aproximadamente em 1883.

Seu filho Luiz chorou sua morte até o fim da vida. Lembrando carinhosamente do pai.
Eulalio era conhecido entre os familiares pelo apelido carinhoso de Lalico, ou tio Lalico.




Alguns Apelidos;

Lalico – Eulálio Augusto
Jango – João Lourenço
Nhazinha – Manoela Angélica
Sybilla – não tinha apelido
Dico – Manoel Custódio
Juca – José Custódio
Florzinha - Flora
Rosalina – Não tinha apelido

A mãe, Augusta Umbelina, nunca se refez da dor que a perda da sua filha mais nova, Flora, Carinhosamente apelidada de Florzinha, lhe causou.

Nesta última fotografia de Eulálio ao centro, bastante adoecido,
acompanhado da sobrinha Isabel e seu filho Luiz Gonzaga.