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Maria Maddalena Laffani aos 15 anos de idade. |
Maria Maddalena Laffani nasceu em 1º de dezembro de 1890, na comune de Vigodarzere localizada na província de Pádua, região do Veneto na Itália. Foi a Segunda filha de Angelo Lino Laffani e Rosa Giuseppina Majolo.
Seu pai Angelo
Lino Laffani nasceu no dia 12 de setembro de 1863 na
Itália em uma comune chamada Vingonza as cercanias do centro da cidade de Pádua
(Padova) localizada também na região do Veneto
no nordeste da Itália. Seus pais são desconhecidos.
Minha avó que era neta de Angelo relatou em uma de
nossas conversas que seu avô jamais conheceu os seus pais.
Não se sabe o motivo ou a circunstância
deste fato marcante para a vida de Angelo, e que infelizmente tornou impossível
retroceder em sua ascendência genealógica, pois não existe registro de filiação
em seus documentos originais.
Ele conheceu Rosa Giuseppina Majolo (nascida cerca de 1866) na comune de Vigodarzere, mesma onde Maria Maddalena nasceu, e com quem decidiu
dividir a sua vida, suas alegrias e dificuldades. Rosa era filha de Giuseppe Majolo e Maria Teresa Nardo, como consta em seu registro de casamento.
Angelo casou-se com Rosa no dia 03 de abril de 1888 na comune de Vigodarzere, província de Pádua na região do Veneto, como vemos abaixo em seu registro de casamento digitalizado.
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Registro de casamento de nº 5 do ano de 1888. |
Vivendo da agricultura o casal teve na comune de Vigodarzere seus cinco primeiros filhos;
Valentino
Laffani - 09/05/1889
·
Maria Maddalena Laffani - 01/12/1890
Giovanni
Laffani - 02/03/1892
Carolina
Laffani - 21/09/1893
Francesco
Laffani - 10-06-1895
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Livro de
registro - Maria Maddalena Laffani - Registro 126 do ano de 1890 - Comune de Vigodarzere.
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Durante as décadas de 1880 e 1890 a crise na Itália e abolição da escravatura no Brasil em 1888 fizeram das terras Brasileiras a
oportunidade de trabalho de muitos imigrantes Italianos. Os Estados Unidos do
Brasil entrou em acordo com a República Italiana que emigrou hordas de
agricultores que passaram a povoar fazendas e oferecer trabalho assalariado aos
outrora escravocratas Brasileiros.
A jornada da família Laffani no Brasil se inicia com
o embarque partindo de Genova no dia 19 de fevereiro de 1896, no Vapor Maranhão.
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Documento do Vapor Maranhão certificando a natureza da viagem a República dos Estados Unidos do Brasil. |
Angelo e Rosa, junto a seus cinco filhos embarcaram no vapor Italiano Maranhão em um grupo de 80 imigrantes. Esta viagem tinha como destino o Porto de
Santos no Estado de São Paulo. Depois de longa e cansativa viagem chegaram ao Brasil no dia 14 de março de 1896, com o desembarque no Porto de Santos.
Alguns registros interessantes são os de "Matrícula de immigrantes", onde constam na lista da imigração os nomes e idades de cada membro da família italiana.
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Matrícula de Imigrantes - Chegada da família Laffani no Brasil. (Laffani Angelo 31 anos, Rosa 29, Valentino 6, Maria 5, Giovanni 3, Carolina 2, Francesco 1).
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No Brasil, a família Laffani sofreu algumas modificações em seus nomes em registros. Como por exemplo no sobrenome. Na Itália a grafia de Laffani com dois ff''s foi perdida no Brasil onde passaram a assinar Lafani. Os nomes das crianças foram alterados para evitar dificuldades na nova pátria. O filho mais velho, Valentino passou a se chamar José, Maria Maddalena, adotou como nome o apelido de Marietta. Francesco teve seu nome abrasileirado para Francisco, bem como Giovanni que alterado para João. Apenas Carolina manteve seu nome de batismo italiano inalterado dentre todas as crianças. Os pais, Angelo e Rosa, também mantiveram seus nomes de batismo.
Eles trabalharam como agricultores na lavoura de Café no interior de São Paulo. As oportunidades de trabalho eram significativas. Crescendo em meio aos colonos das produtivas terras ao leste do estado de São Paulo, Marietta conheceu João Lourenço Alves de
Camargo, filho de fazendeiro e administrador de fazendas em Tietê. Filho mais novo de seis irmãos João foi acometido de paixão pela italiana quando se conheceram na colônia da fazenda.
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Igreja do Paissandu no início do século XX. |
Apaixonado por Marietta, João Lourenço propôs casar-se com ela mesmo em tenra idade e contrariados pelas famílias por motivo desta pouca idade. Decididos, fugiram para se casar na cidade de São Paulo as escondidas. Na capital, ao chegarem a igreja do Paissandú, João Lourenço
e Marietta cruzaram acidentalmente com o irmão mais velho de João, Eulalio
Augusto. Residente da cidade Capital havia cerca de 6 anos. Eulalio Augusto ficou surpreso de encontrar o irmão mais novo em São Paulo.
Neste
momento João Lourenço decidido contou ao irmão mais velho que estava ali para se
casar com Marietta, e assim foi feito. Casaram-se na capital por volta de 1905 quando Marietta Lafani passou a assinar, Marietta Camargo. Retornaram ao interior de São Paulo onde tiveram 6 filhos nas décadas seguintes; Valdemar (1910), Leônidas (1912), Zuleica (1913), Augusta (1917), Gumercindo (1921) e Elza (1926).
Outro documento interessante passa pelo livro de registros da Hospedaria de Imigrantes do Brás e do Bom Retiro. Bairros historicamente conhecidos como redutos da imigração Italiana em São Paulo. Este registro data de 19 de maio de 1909. Chegados da Fazenda de Fausto Ferreira de Camargo, localizada na cidade de Campinas.
Outro documento interessante passa pelo livro de registros da Hospedaria de Imigrantes do Brás e do Bom Retiro. Bairros historicamente conhecidos como redutos da imigração Italiana em São Paulo. Este registro data de 19 de maio de 1909. Chegados da Fazenda de Fausto Ferreira de Camargo, localizada na cidade de Campinas.
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Registro da Hospedaria de Imigrantes do Brás ou Bom Retiro, 19 de maio de 1909. (Neste Documento Angelo aparece com 45 anos Rosa com 40, João 17, Carolina 15, Francisco 13, Carlos 7, Angelina 4.) |
Entre os registros já não vemos mais o nome de Marietta Lafani, agora casada. E notamos a chegada de dois novos membros a família. O menino Carlos com 7 anos, primeiro filho de Angelo e Rosa nascido no Brasil e Angelina de 4 anos, a caçula. Notamos um erro na idade de Rosa que deveria ter 43 anos na época.
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Liceu Coração de Jesus, decada de 1920. |
Em São Paulo, Angelo Lafani trabalhou
como barbeiro no colégio Liceu Coração de Jesus, localizado no bairro de Campos Elísios. Sua esposa trabalhou como lavadeira no mesmo local.
José Lafani casou-se com Adelina com quem teve 4 filhos. A data de falecimento de Angelo Lafani é desconhecida até o momento. Quando a viúva Rosa viveu com seus filhos e faleceu após o café da manhã na casa de Angelina Lafani.
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Rosa Giuseppina Mayolo, (Rosa Lafani) |
Todos os seus filhos se casaram, vemos abaixo as fotos de casamento de três filhos; João Lafani com sua esposa Plauta, Francisco Lafani e a esposa Rosa e Carlos Lafani com a esposa Margarida.
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Os casais da esquerda para direita: João Lafani e Plauta, Francisco Lafani e Rosa, Carlos Lafani e Margarida. |
Aqui vemos uma imagem remanescente de Carolina Lafani. E uma imagem de Angelina Lafani, última filha do casal e nascida no Brasil.
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Carolina Lafani |
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Angelina Lafani |
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Francisco Lafani |
Maria Maddalena Laffani, ou Marietta Lafani, viveu com a família de seis filhos nas fazendas em que seu marido administrava entre Araraquara, Catanduva e região. Teve uma vida feliz até sua trágica morte em 1935, vítima de um distúrbio na tireóide aos 45 anos de idade. Faleceu e permanece sepultada na cidade de Araraquara, interior de São Paulo. Deixou João Lourenço viúvo com os seus seis filhos.
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Esta é a última fotogradia de Marietta Lafani. Aparece de perfil ao centro da imagem com um coque no cabelo enquanto arrumava a roupa de anjo de sua filha Elza em meio a saída de uma procissão. |
A história desta família de imigrantes italianos se confunde com a de outros milhares que atravessaram o Atlântico para buscar melhores condições de vida e um futuro de esperança e oportunidades. Formaram suas famílias e viveram com liberdade e com coragem para sonhar mesmo longe de sua terra natal.
Neste post deixo a minha homenagem a coragem dessa gente que enfrentou todas as dificuldades em um país com cultura e língua diferentes. Sem perder jamais a fé no dia seguinte e no trabalho duro.